Ontem, os franceses colocaram a baguete debaixo do braço e foram em peso às urnas definir o novo Parlamento e, consequentemente, o novo primeiro-ministro do país no 2º turno das eleições.
Explicando… A França é semi-presidencialista. Enquanto o Macron é chefe de Estado e tem mandato até 2027, podendo dissolver o Parlamento, o premiê é o chefe de Governo e comanda a execução das leis.
Voltando a ontem: Quase 60% dos eleitores votaram, registrando a maior taxa de comparecimento desde os anos 1980. Por lá, o voto não é obrigatório.
Nenhum partido ou bloco conseguiu a maioria absoluta dos 577 assentos, mas a aliança de esquerda foi a que somou o maior número de deputados eleitos.
- Nova Frente Popular (esquerda): 180 a 215 cadeiras;
- Juntos (centro): 150 a 180 cadeiras;
- Reunião Nacional (direita): 120 a 150 cadeiras.
O resultado foi uma surpresa, já que, no 1º turno da semana passada, a direita liderou a votação com uma ampla vantagem — e tudo parecia encaminhado para dominarem a Assembleia.
O que mudou de lá para cá? O partido de centro do presidente Emmanuel Macron se juntou com legendas de todas as vertentes da esquerda para barrar uma possível vitória da direita.
Mais de 200 candidatos da aliança desistiram de concorrer no 2º turno para concentrar os votos em um candidato e, assim, evitar dividir os eleitores.
Os próximos passos 🇫🇷
Como nenhum partido conseguiu 50% + 1 dos votos, agora, centro e esquerda terão que chegar num consenso para escolherem um primeiro-ministro — um impasse que pode durar meses.
Até porque, apesar de estarem juntos agora, os esquerdistas querem anular muitas das políticas do Macron, como reduzir a idade de aposentadoria, aumentar salários de servidores públicos e ampliar benefícios sociais.
Se entrarem em vigor, os planos da aliança de esquerda podem custar 100 bilhões de euros até o ano que vem — isso em um país com déficit recorde de mais de 5% do PIB.