Há quase uma década, a Netflix chocou o mundo empresarial ao passar a oferecer um tempo ilimitado de folga para os pais durante o primeiro ano de seus filhos, algo muito alinhado com seus valores de “liberdade e responsabilidade”.
Contudo, esse benefício se tornou insustentável ao longo dos anos, pois mais funcionários do que o esperado tiraram licença prolongada.
Com o tempo, a Netflix foi silenciosamente voltando atrás na política, emitindo orientações internas conflitantes e estabelecendo uma norma implícita de seis meses de licença.
Por que isso importa? A reversão reflete mudanças culturais mais amplas na empresa do Tudum, à medida que ela transita de priorizar o crescimento para a lucratividade sob pressão de Wall Street. Outros ajustes incluem:
- Transparência reduzida na comunicação — por exemplo, sem mais e-mails para todos da empresa explicando porque tal pessoa foi demitida;
- Práticas de compensação mais tradicionais — deixar de incentivar gestores a sempre oferecer salários acima do mercado para atrair e reter talentos;
- Abordagem moderada à autonomia dos funcionários.
No entanto, essa maior consciência de custos da Netflix ajudou a empresa a se recuperar de um período conturbado como o 1º semestre de 2022, no qual a empresa perdeu mais de 1 milhão de assinantes, seu primeiro declínio em mais de 10 anos.
Hoje, as ações da empresa estão sendo negociadas em máximas históricas, e o crescimento de assinantes e a renda se recuperaram fortemente.
Ainda assim, existem preocupações de que, no longo prazo, as características que diferenciavam o local de trabalho da Netflix — e impulsionaram o seu sucesso — se deteriorem, dificultando a atração e a retenção de talentos.
📚 Para entender mais sobre a cultura que diferenciou a gigante do streaming, confira o livro “A Regra É Não Ter Regras”, escrito pelo cofundador e ex-CEO Reed Hastings e pela autora Erin Meyer.