“Síndrome do Príncipe Encantado”: Quando o Homem Idealiza Demais a Parceira e o Amor Vira Ilusão
Vivemos em uma sociedade onde o romantismo ainda é cultuado como ideal de amor. Filmes, músicas e livros muitas vezes vendem a imagem de relacionamentos perfeitos, em que tudo se encaixa e o amor basta para superar qualquer obstáculo. Nesse cenário, não é raro encontrar mulheres que idealizam o parceiro como um “príncipe encantado”. Mas o que acontece quando esse processo de idealização parte do homem? É aí que surge o que psicólogos chamam de síndrome do príncipe encantado: uma postura masculina baseada em expectativas irreais sobre a parceira e sobre o amor.
Qual é a síndrome do príncipe encantado?
A síndrome do príncipe encantado não se trata de uma condição clínica formal, mas é um termo usado para descrever homens que, ao entrar em um relacionamento, colocam a parceira em um pedestal, projetando nela um ideal inatingível de perfeição emocional, estética, moral e até sexual. Ao invés de enxergar a mulher como um ser humano com defeitos, dias ruins e limitações, esses homens esperam que ela corresponda a uma figura quase mística, que supre todas as suas necessidades e nunca os decepciona.
Essa fantasia romântica pode parecer inofensiva à primeira vista — afinal, quem não quer ser admirado? Mas na prática, ela cria um campo minado emocional, tanto para quem idealiza quanto para quem é idealizado.
Os perigos da idealização
Idealizar demais a parceira é perigoso por vários motivos. Primeiro, porque coloca sobre ela um fardo emocional imenso: o de nunca poder errar. Pequenos deslizes, como demonstrar irritação, não estar com vontade de fazer sexo ou simplesmente precisar de espaço, passam a ser encarados como falhas graves, pois fogem do ideal de perfeição que o parceiro criou.
Segundo, essa postura é extremamente frustrante para o próprio homem. Como nenhum ser humano é perfeito, cedo ou tarde a realidade quebra a fantasia. Quando isso acontece, o homem se sente traído por expectativas que ele mesmo criou. A decepção pode ser tão intensa que muitos terminam o relacionamento não por falta de amor, mas por não conseguirem lidar com o fato de que a parceira é, afinal, humana.
Amor real não é conto de fadas
Na prática, a síndrome do príncipe encantado impede que o homem desenvolva um amor maduro e real. Ele não se relaciona com a mulher que está diante dele, mas com a imagem idealizada que criou dela. Em vez de construir uma relação baseada na aceitação e no diálogo, ele alimenta um amor condicionado — “eu te amo se você continuar perfeita”.
É comum também que esses homens oscilem entre o encantamento absoluto e a desvalorização repentina. O que antes era adoração, vira cobrança. E o que era uma mulher inspiradora, torna-se alvo de críticas constantes. Isso gera um ciclo emocional tóxico, onde nenhuma das partes consegue se sentir segura ou amada de verdade.
De onde vem essa síndrome?
Diversos fatores podem contribuir para o surgimento desse padrão:
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Falta de maturidade emocional, que impede o indivíduo de lidar com frustrações e imperfeições;
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Carência afetiva, que leva à busca de uma figura salvadora;
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Influência cultural, que reforça a ideia de que existe uma “mulher ideal” feita sob medida para satisfazer todos os desejos masculinos;
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Experiências traumáticas, como relacionamentos anteriores marcados por rejeição, que fazem com que o homem tente garantir segurança idealizando a parceira.
Como quebrar esse ciclo?
O primeiro passo é reconhecer o problema. Entender que amar alguém é enxergar a pessoa por completo — com virtudes, mas também com falhas — é essencial para um relacionamento saudável.
A terapia pode ajudar muito nesse processo, especialmente quando há dificuldades profundas em aceitar as frustrações que o amor real inevitavelmente traz. O autoconhecimento é o caminho para substituir a idealização por intimidade genuína.
Além disso, é fundamental desconstruir ideias românticas nocivas. Amor não é sobre alguém nos completar ou nos salvar. É sobre caminhar junto, com respeito, paciência e vulnerabilidade. agenda31
Conclusão
A síndrome do príncipe encantado pode parecer romântica à primeira vista, mas é uma armadilha emocional perigosa. Idealizar demais a parceira impede o florescimento de um amor verdadeiro, pois transforma a relação em um jogo de expectativas inatingíveis. Quando o homem aprende a amar de forma realista, abre espaço para conexões mais profundas, honestas e duradouras. No fim, é melhor viver um amor verdadeiro com uma mulher real do que perseguir um conto de fadas que só existe na imaginação.
Fonte: Izabelly Mendes.