A Procuradoria Regional Eleitoral no Espírito Santo (PRE/ES) denunciou o prefeito reeleito de Irupi, Carlos Henrique Emerick Storck, pelo crime de compra de votos em seis ocasiões, durante as eleições deste ano e por associação criminosa. A Procuradoria pede ainda a abertura de inquérito policial para apurar a cometimento de outros crimes durante o processo eleitoral.
O secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente do município, Herivelto Rodrigues de Carvalho; e o vereador Fábio Barros Medeiros Junior, o Júnior do Salão, também foram denunciados por compra de votos em quatro oportunidades e associação criminosa.
Também foram denunciados pelos mesmos crimes o lavrador Ademar Ferreira Dias e o empresário Paulo Henes de Freitas, o Paulinho Pamonha.
A compra de votos foi realizada em diferentes oportunidades, mas sempre se baseava no oferecimento de serviços particulares que eram realizados com maquinário na Prefeitura ou do empresário Paulo Henes, como caminhão, retroescavadeira e pá carregadeira. Os moradores beneficiados chegaram a receber recibos falsos para o caso de necessitarem confirmar o pagamento do serviço. A negociação com os eleitores deixava claro que o benefício oferecido somente com o objetivo de obter votos para o prefeito.
Associação criminosa
Durante o período de campanha das eleições municipais de 2016, o prefeito Carlos Henrique se associou aos demais denunciados com a finalidade específica de praticar os crimes de corrupção eleitoral. Ele foi o mentor e principal beneficiário do esquema.
Fábio, vereador em campanha para a reeleição, acompanhou o prefeito em visita a eleitores auxiliando na compra de votos. Herivelto, secretário de Agricultura, agiu para ocultar a prática desse mesmo crime entregando recibos falsos dos serviços realizados.
Já Ademar, oferecia e agendava serviços com máquinas para produtores rurais de Irupi com o fim de obter votos para o prefeito. Esses serviços eram realizados com as máquinas de Paulo, que também recebia a metade do valor diretamente dos beneficiados, ficando de receber a outra metade do prefeito Carlos Henrique. Ele também contatava os produtores rurais para oferecer os trabalhos com suas máquinas em troca do voto.
Inquérito policial
Na documentação recebida pela PRE/ES, são narrados fatos referentes à compra de apoio político; intimidação e perseguição de servidores; e contratação de temporários com fins eleitoreiros. Mas no entendimento do procurador Regional Eleitoral, Carlos Vinicius Cabeleira, o material já apurado não é suficiente, por si só, para responsabilizar os citados. “É possível o esclarecimento dos fatos e obtenção de novos elementos através da realização de investigações”, afirma Cabeleira.
Há informações de pessoas aprovadas em concurso e que foram nomeadas às vésperas do fim do prazo legal , com objetivo de angariar votos. Inclusive pessoas que iriam se candidatar a cargo de vereador e fazer oposição ao prefeito, mas assumiram o compromisso de apoiá-lo se fossem efetivados como servidores.
Testemunhas também apontam que o secretário municipal de Saúde, Roziel Estevão Olavo, coagiu servidores que apoiavam a oposição e que servidores tiveram seus locais de trabalho transferidos por não apoiarem o atual prefeito.
Além disso, o prefeito nomeou 44 servidores temporário no último dia em que era permitido pela legislação. Foram contratações para as mais variadas funções e todas relativas a atividades regulares e previsíveis da Administração Pública.
Fonte: Ministério Público Federal
Foto: Internet